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No dia 25 de julho ocorreu a ação de integração inédita entre alunos da rede pública e privada do município de Três Lagoas e a população indígena Ofaié, para participarem de uma visita institucional no campus II da UFMS/CPTL, proposto pelos docentes e discentes do curso de Pedagogia e História. A ação contou com a colaboração de professores e acadêmicos dos cursos de Geografia, Enfermagem, Direito, Engenharia de Produção, Matemática, Medicina, Pedagogia, História  e Biologia.

Há três anos a professora Dra. Silvana Alves da Silva Bispo do curso de Pedagogia, que  ministra dentre outras disciplinas a de Metodologia de Ensino de Ciências, realiza uma Feira de Ciências na escola da aldeia Anodi, localizada no município de Brasilândia – MS. Os acadêmicos do curso de Pedagogia organizam e realizam anualmente a feira de conhecimento, propondo atividades pedagógicas e estreitando laços entre a Universidade pública e a cultura indígena.

Comumente, relata a professora, os universitários se locomovem até a aldeia, contudo, no primeiro semestre de 2019 fora idealizada a proposta de trazer a população indígena para a Instituição em conjunto com os estudantes da rede pública e privada do município de Três Lagoas, alguns deles já ligados com o campus por meio do programa de Residência Pedagógica.

O evento foi integrado ao projeto de extensão “História, Memória e Educação Indígena: relações de ensino e aprendizagem entre os Ofaié”, coordenado pelo prof. Dr. Vitor Wagner Oliveira Neto que irá ocorrer no segundo semestre de 2019. Tal ação é uma, dentre tantas outras, desenvolvidas no âmbito do ensino, pesquisa e extensão que mostra o papel da universidade pública e que prima por uma educação e formação democrática e humanizadora.

Durante a organização do evento, os diversos cursos se mostraram abertos e dispostos para auxiliar na programação com palestras e atividade em laboratórios, preparando ações destinadas a cada público específico, desde a Educação Infantil ao Ensino Médio, de maneira integrada aos indígenas. Além disso, a Associação Atlética 25 de março do curso de Engenharia de Produção contribuiu com produtos alimentícios para os alunos da escola que fica na aldeia.

As propostas foram realizadas no período matutino e vespertino com os alunos da cidade de Três Lagoas e durante o dia todo (7h até 17h) com os alunos indígenas, o cacique da aldeia, professores da aldeia e algumas mães que vieram acompanhar seus filhos. O evento proporcionou o contato entre os estudantes urbanos e a comunidade indígena, estudada em salas de aula e integrante da realidade sul-mato-grossense, mas, pouco conhecida na realidade.

Ademais, os acadêmicos do campus tiveram a oportunidade de se relacionarem mais e descobrirem laboratórios e espaços da Instituição ocupados por outros cursos diversos aos deles. Ou seja, a troca cultural mútua entre todos os envolvidos, permitiu que a ação obtivesse resultados externos e internos, de maneira inovadora e única. Todos os integrantes foram impactados pela real importância da ação e da integração proporcionada e os depoimentos deixados por eles expressão tamanha felicidade em terem participado da Mostra de Conhecimento.

“A Mostra de Conhecimentos foi, sem dúvidas, uma das mais significativas ações promovidas pela UFMS/CPTL. A atividade superou todas as nossas expectativas e se constituiu como um momento ímpar de muito aprendizado, troca de conhecimentos e experiências, principalmente pelo fato de nos possibilitar abrir as portas da universidade para crianças  e jovens de várias escolas do município, e em especial para os indígenas da Aldeia Ofaié de Brasilândia – MS” relata Thalita Pereira da Silva, Acadêmica do curso de Pedagogia.

Segundo  Mariane Zambone Sakuma , que cursa Ciências Biológicas “A abordagem do tema botânica para os estudantes visitantes foi uma excelente experiência que demonstrou como as aulas fora da ambiente sala são enriquecedoras, tanto para o aluno quanto para o professor. Pode-se ver nos olhos dos alunos a curiosidade e o interesse pelo tema novo e o quanto o contato com a universidade aproxima estes alunos a sonharem com uma vida acadêmica”.

De modo semelhante, os professores que participaram e se envolveram com o acontecimento também expuseram suas impressões positivas. “O evento realizado foi uma experiência singular para os acadêmicos de Licenciatura em Ciências Biológicas. Os graduandos tiveram a oportunidade de interagir com adolescentes e crianças de a partir dos três anos de idade, dessa forma saindo da zona de conforto do que é o foco do curso” explica o  Professor Dr. Climbiê Ferreira Hal

O Professor Dr. Luiz Carlos Bento, participante e organizador acrescenta “Para mim foi uma experiência inovadora, pois potencializou a aproximação da universidade (professores, alunos e técnicos) com alunos e professores da educação básica fechando o que eu entendo como sendo um ciclo perfeito da educação. O olhar dos alunos ao conhecer alguns espaços da universidade para mim foi o mais marcante, era visível a satisfação e a surpresa no olhar das crianças, que ao mesmo tempo transpareciam um semblante de surpresa e novidade”.

A doação de alimentos organizada pela Atlética do curso de Engenharia de Produção também colaborou com a Mostra de Conhecimento e marcou aqueles que colaboraram, assim como a presidente Ane Lise da Silva Bispo. “É preciso conhecer e respeitar a cultura dos Ofaié procurando meios para que a sua história continue sempre viva. Para nós, estar com eles significa muito, temos um sentimento de amor e gratidão, já dissemos ao cacique José que nos colocamos a disposição para ações futuras” comentou a acadêmica sobre o ato.

A professora Dra. Silvana Alves da Silva Bispo explica que a mensagem transmitida foi “A universidade é pública e é um espaço onde todos devem estar em prol de uma educação democrática e humanizadora”, por isso um dos temas tratados em palestras foram as formas de ingresso na Universidade, despertando nos ouvintes o desejo por se tornarem acadêmicos do Ensino Superior.

A proposta singela, que se transformou em uma ação necessária e transformadora, para além do ensino, constituiu elo entre o ambiente acadêmico e sociedade que poderá ser fortalecido nos próximos anos com a institucionalização da ação, haja visto sua grande adesão e sucesso inicial.

Por: Evelyn da Costa Souza (estagiária AGECOM/  CPTL)