Simpósio sobre Relações Étnicas debateu racismo, educação e sociedade

Postado por: secom

O “Simpósio Multidisciplinar de Relações Étnicas: racismo, educação e sociedade”, realizado nos dias 12 a 14 de novembro no Campus de Três Lagoas (CPTL), contou com minicursos, exposição de trabalhos, mostra de materiais didáticos sobre a cultura africana, mesa-redonda, oficinas, minicursos, mostra de curtas, lançamentos de livros e participações de pesquisadores, professores, artistas e representantes do movimento negro e indígena.

“O simpósio é importante por trazer uma temática silenciada, as relações étnico-raciais e indígenas, para o ensino superior, pois estamos trabalhando com a formação de professores. Se conseguirmos ampliar esse senso crítico e informar sobre a nossa própria origem e história, o professor na sala de aula vai ter um discurso coerente com a prática, sendo contrário as discriminações e desrespeitos”, explicou a professora Silvana Bispo do curso de Pedagogia.

O simpósio multidisciplinar foi uma construção coletiva dos cursos de História, Pedagogia e Geografia, contando com representantes do corpo discente e docente, além do apoio de diversos outros cursos do CPTL. “Nossa programação é de pretas, pretos e indígenas, queremos o quanto mais empretejar e enegrecer a Universidade, descolonizando o currículo acadêmico e barrando qualquer tipo de retrocesso”, declarou a professora Mariana Esteves, do curso de História.

Thiago Araújo leciona cultura e relações étnico-raciais e também participou da organização do evento. “O desafio proposto foi trazer efetivamente para o centro do debate a questão indígena, o racismo e, ao mesmo tempo, evidenciar a diversidade étnica e as manifestações culturais dos diversos grupos étnicos, apesar da conjuntura desfavorável para a discussão, e exatamente por isso, consideramos necessário o debate e o simpósio”.

O acadêmico do curso de Geografia, Paulo Lima, participou da comissão de divulgação e auxiliou em todo o processo de criação e execução do simpósio. Para ele, tratar de questões raciais, no contexto universitário e social como um todo, é muito natural. “Eu venho desse processo, venho dessa miscigenação e sofro o preconceito velado e estrutural desde a minha infância, por isso para mim a luta é normal. O que está sendo colocado em reflexão é a existência do racismo e da discriminação de forma estrutural no país, desde a colonização. Para mim, isso é proveitoso e mostra para a sociedade que precisamos dialogar sobre o tema”.

Everton Campos, estudante do curso de Letras, prestigiou todos os dias de atividades do cronograma. “Para mim, é necessário que seja desconstruída a ideia de que a elite é que sempre manda, pois hoje, graças as políticas públicas, os pobres estão na universidade. Contudo, ainda existem receios da população de baixa renda no meio acadêmico, então essa discussão traz a reflexão do nosso lugar quanto ser intelectual dentro da universidade”, opinou.