Egressos – Pedagogia


Nascida e criada em Três Lagoas, sinto um orgulho imenso em poder atuar em minha cidade natal como professora no curso de Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas (UFMS/CPTL). Desde 2015, tenho me dedicado a esta instituição e à formação de futuros educadores, fortalecendo ainda mais minha relação com a comunidade acadêmica e o local onde cresci. Minha jornada acadêmica começou aqui mesmo, na UFMS/CPTL, onde cursei Pedagogia entre 2007 e 2010. Foram anos de intenso aprendizado e crescimento, marcados pela excelência do corpo docente e pela oportunidade ímpar de fazer parte do primeiro projeto PIBID de Pedagogia (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência). Fui também membro do então ativo GED – Grupo de Estudos Ligados à Docência, uma experiência que moldou grande parte da minha visão educacional e o desejo por aprofundar a inserção no campo da Educação Matemática. Optei por fazer o curso no período vespertino, o que me permitiu cursar disciplinas optativas no período noturno e enriquecer ainda mais minha formação. Além disso, tive a chance de participar de viagens culturais organizadas em projetos de extensão, momentos que trouxeram uma rica contribuição à minha trajetória acadêmica. Atuei na Educação Básica, em escolas públicas de Três Lagoas/MS, além de participar como formadora em programas de amplitude nacional como PNAIC/ Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. No ensino superior, meu foco de atuação reside em áreas como Didática, Fundamentos e Metodologias do Ensino de Matemática e Formação de Professores. O mestrado e doutorado em Educação, obtidos pela UNESP/FCT, permitiram potencializar meu papel como formadora de professores e pesquisadora nas áreas de Educação e Educação Matemática. Atualmente, após minha pesquisa de doutorado, tenho me aprofundado nas complexas e essenciais relações entre universidade e escola. Acredito firmemente na importância de uma formação inicial sólida, que proporciona ao futuro educador contato antecipado com práticas de ensino em estágios e vivências imersivas na docência. Ser professora é um ato de comprometimento, de transformação, de valorização de si e do outro. Algo que me realiza profundamente.


 

Iniciei o curso 1988, finalizando em abril de 1992 (tivemos a maior greve da história), mas a turma é de 1991. Durante o processo de formação tive oportunidades que trago até hoje: fomos a primeira turma a implantar o TCC, iniciando o processo de pesquisa no curso e, meu objeto de pesquisa me acompanha até os dias atuais, dado a sua importância em minha vida acadêmica e profissional. Após a formatura assumi uma sala de 2ª série do Ensino Fundamental, hoje 3º ano, dois anos depois participei de uma seleção para professora substituta na UFMS, no curso que tinha acabado de me formar e fui aprovada para ser professora contratada, responsável pelas disciplinas de educação infantil, de onde nunca mais sai. O ensino superior me seduziu e fui continuar minha formação nos cursos de pós-graduação, cursei o mestrado em educação na UFMS e doutorado na UNICAMP. Em 2002 fui aprovada no concurso público e assumi uma vaga no curso de Pedagogia da UFMS, cidade universitária, em Campo Grande, local em que realizei vários projetos com o Ministério da Educação, entre outros projetos para a formação de professor da educação infantil e alfabetização. Em 2016 solicitei minha remoção para o campus de Três Lagoas, onde estou atuando no curso de Pedagogia com as disciplinas de linguagem escrita e oral para a formação de professores da educação infantil e dos primeiros anos do ensino fundamental.

 


 

Minha história acadêmica na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas iniciou no final dos anos oitenta com minha matrícula na condição de aluna portadora de curso superior no Curso de Pedagogia com Habilitação em Supervisão Escolar no período noturno. Mais tarde, em 1992 retornei ao Curso de Pedagogia em Licenciatura Plena com as Habilitações Magistério da Pré-Escola e Séries Iniciais do 1º Grau e de Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º Grau. Estudei no turno vespertino com mais cinco colegas. Sim, apenas seis inscritas no vestibular foram aprovadas e concluíram o curso e sem evasão, claro! O curso com as respectivas discussões teóricas e práticas passaram a despertar inúmeros questionamentos sobre a educação básica, formação de professores, estrutura e organização escolar, os quais resultaram em possibilidades de avançar na continuidade de estudos pela vivência com pesquisas apoiadas em concepções e modelos variados de análises de dados sobre o objeto da pesquisa até então pouco vivenciada por mim.Com isso, as experiências de um tempo de estudos de formação docente, se misturaram entre trajetórias pessoais e profissionais, com grandes oportunidades, das quais me envolvi em todas elas ora como bolsista no Programa de Monitoria de Ensino com a Profa. Dra. Terezinha Bazé, ora como bolsista do primeiro Projeto de Pesquisa de Iniciação Cientifica financiado pelo CNPq do Curso de Pedagogia envolvendo seis professoras do curso e oito estudantes bolsistas. Neste projeto fui orientada pela Profa. Dra. Terezinha Bazé para o desenvolvimento de pesquisa sobre formação do professor alfabetizador. Este período também foi de grande reflexões e mudanças da prática do professor alfabetizador pela influência da epistemologia da língua escrita segundo Emília Ferreiro. Das experiências vivenciadas entre pesquisa acadêmica, apresentação em Congressos, escritas de artigos em periódicos, livro, anais de eventos oportunizadas durante o curso foram consolidadas na escrita de trabalho de conclusão de curso “Da curvatura da vara ao campo conceitual do alfabetizador: do discurso ao silêncio”. Em 1996 em momentos que culminara com aprovação da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional também avancei com estudos e pesquisas na pós-graduação Lato Sensu oferecida pelo Curso de Pedagogia em “Interdisciplinaridade na Educação: Currículo e Ensino nas Séries Iniciais”, com o Trabalho de Conclusão de Curso sobre o mapeamento do campo conceitual da prática do professor alfabetizador sob orientação da Profa. Dra. Terezinha Bazé. A vivência com a pesquisa me encorajou de modo inquietante e exigente a fazer novas descobertas no campo da educação, sendo fundamental para o meu desenvolvimento humano e profissional, de modo a entender cada vez mais, que a formação se constitui da criação de vínculos fecundos com novas realidades. Os dados coletados das pesquisas levaram-me a compreender pela teoria da curvatura da vara (Saviani, 2000) o exercício crítico-dialético para análise das contradições do fenômeno pesquisado. A explicação foi simples, embora não simplista, por meio da qual encontrei no campo teórico da avaliação as possíveis respostas, visto que uma vara torta e curvada, deformada no processo ensino e aprendizagem se deve, muitas vezes em razão do que não se quer validar como conhecimento ou da ausência dele. Essas ambiguidades, exigem reexames para endireitá-la novamente. A fim de entender esse reexame, participei da seleção na pós-graduação stricto sensu Mestrado na Unicamp para desenvolvimento de pesquisa em fundamentos da avaliação de larga escala e estandardizada na educação básica. Nesse contexto, a força motriz da aprendizagem do Curso de Pedagogia motivou a me inscrever no Programa de Monitoria de Ensino e participar, assiduamente, no Laboratório de Observação e Estudos Descritivos (LOED), Laboratório mantido pela Fundação Ford para o desenvolvimento de pesquisas em avaliação educacional no Brasil. Após a conclusão do Mestrado ocorreu meu egresso ao curso de Pedagogia ao participar do concurso de professor na condição de professor contratado por dois anos. Mais tarde, nos anos de 2009 retornei ao Curso de Pedagogia pela aprovação em concurso de seleção de professores efetivos para as áreas de Políticas, Gestão e Avaliação Educacional. O sentimento e significado de pertencer ao quadro de professores da instituição de minha formação inicial formou, sem dúvidas, um conjunto de emoções que não se expressam em palavras, pelo fato de não existir palavras que expressem o poder de sua representatividade. Alguns anos mais tarde, ingressei na pós-graduação stricto sensu no Curso de Doutorado na UFSCar de São Carlos para aprofundamento de estudos e pesquisas em política de avaliação de larga escala na elaboração da tese sobre a gestão dos resultados da avaliação do SAEB na escola. Durante o curso atuei como bolsista docente no Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, uma das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) para formação de gestores, em nível de especialização (lato sensu) em Guarulhos-SP, uma das cidades polo do programa em parceria MEC e UFSCar. Ao retornar como Doutora em Educação para o CPTL, novamente vieram à tona os sentidos e significados de professora egressa da formação inicial do Curso de Pedagogia. Isso porque, passei a observar que ao mesmo tempo em que ocorreu a realização profissional pela titulação também revelou o sentimento da gratidão e do pertencimento à instituição formadora e tal sentimento, foi muito presente quando fui fazer o Estágio de Pós-Doutoramento em Educação na linha de Pesquisa Estado, Políticas e Avaliação Educacional na UFSCar em Sorocaba com a pesquisa sobre os caminhos para a constituição de uma política de Estado, a Política Nacional de Avaliação e Exames da Educação Básica (Brasil,2018). E, de volta ao CPTL, não há como silenciar o reconhecimento de gratidão ao curso de formação inicial de Pedagogia pelo seu papel decisivo ao conhecimento profissional do ser professor, da consciência do comprometimento com o contexto social e cultural em que ocorre a formação.


 

Meu ingresso no curso de Pedagogia do CPTL/UFMS se deu via vestibular, no ano de 1996, culminando na conclusão da graduação em 1999. Iniciei o sonhado curso superior num período de recomeço da minha vida pessoal e, confesso, esperava que a experiência me ajudasse a reposicionar minha trajetória. Expectativa alta assim tem tudo para não se cumprir, mas não foi o caso. Os fundamentos da educação, trabalhados ao longo dos dois primeiros anos, me encantaram. Havia, em mim, muitos questionamentos, numa ânsia por entender melhor o mundo e nele me situar. E ali nas aulas, todas as tardes, lia, ouvia, discutia e aprendia sobre História, Sociologia, Psicologia e Filosofia da Educação. Descobrir que é possível explicar e conceituar fenômenos a partir de teorias consistentes foi libertador. Fui aos poucos me tornando uma pessoa mais observadora e consciente da realidade circundante. Aprendi a nomear coisas que antes eram apenas intuídas, como: ideologia, hegemonia, classe social, universalização, proletarização, inclusão, igualdade, diferença, diversidade, dentre outros conceitos. Fruto de uma escola tradicionalíssima, permaneci a mesma estudante da infância e da adolescência: disciplinada, cheia de cobranças e com uma dificuldade imensa de trabalhar em equipe. Comportamentos que foram sendo flexibilizados ao longo do curso. O primeiro seminário foi para a disciplina História da Educação e ‘deveríamos’ tratar da Educação Grega e de seu ideal, a Paideia. Foi um fiasco. Ficamos no pretérito imperfeito do indicativo, pois, segundo a professora, o tratamento dado à questão também foi imperfeito. Assim fomos, eu e as colegas, aprendendo a organizar nossa vida acadêmica. Mergulhávamos nas sociedades Antigas, Medievais e Modernas para entender o papel da educação e da escolarização nas sociedades Contemporâneas. O estágio no ensino fundamental foi uma experiência importante, organizado de uma forma nada tradicional. Como era uma turma com poucas alunas, fizemos estágio na mesma instituição. Íamos duas vezes por semana até a escola, nos dividíamos em duplas e realizávamos observação e acompanhamento das atividades de ensino-aprendizagem. Nossas professoras formadoras realizavam um trabalho quinzenal de estudos com as professoras da escola e havia os encontros na universidade para discutir as questões surgidas durante o processo. Esta experiência também serviu como campo de investigação para meu trabalho de conclusão de curso. Tive ali a oportunidade de experimentar a pesquisa como atividade inseparável da docência. Outras duas atividades que desenvolvi com paixão: a iniciação científica (1998), numa pesquisa financiada pelo CNPq que se propôs a fazer o levantamento do número de crianças e adolescentes em situação de risco no município de Três Lagoas, MS; e, o estágio extracurricular, pelo Instituo Euvaldo Lodi (IEL), realizado (1999) na escola do Serviço Social da Indústria (SESI), que foi minha porta de entrada para a carreira docente. Naquela escola iniciei minha carreira como professora da educação infantil e descobri o objeto de estudo para o mestrado e o doutorado: subjetividade e identidade docente. Posso afirmar que o curso de Pedagogia do CPTL/UFMS me proporcionou bons anos de aprendizado e de renovação de minhas concepções sobre sociedade e educação.